Dissipam-se as dúvidas... apresenta-se um grande projecto. Ao primeiro impacto não encontro adjectivos para descrever aquilo que vi e ouvi há poucos minutos. Terminada que está a Conferência de apresentação do projecto base de arquitectura do Centro de Criação para o Teatro e Artes de Rua de Santa Maria da Feira continuo a tentar recompor-me do mega projecto que foi descrito. Não é que o Centro em si seja maior do que estava previsto, mas a localização escolhida e os pormenores do projecto são deveras fabulosos.
Renzo Barsotti abriu a palestra com uma breve descrição do Centro e a sua justificação na tradição feirense nas artes de rua, ímpar em Portugal. De seguida o arquitecto Bernardo Rodrigues era convidado a apresentar o seu projecto para o CCTAR.
Para começar há que realçar que as duas propostas de localização que foram a concurso de ideias ficaram pelo caminho. A localização final é mesmo na degrada visual e ambientalmente Pedreira das Penas, em pleno centro de Santa Maria da Feira. O antigo Tribunal e antigo Matadouro ficam de fora.
O edifício desenvolve-se no limite poente do "lago" da pedreira, apresentando-se sob um grande espelho de água que permitirá nova inspiração para a criação de espectáculos. O terço mais a sul da pedreira será "seco" e ocupado por 3 pisos de estacionamento subterrâneo, assim como pelo acesso ao Centro. A construção neste local não afecta os terrenos da antiga fábrica, pelo que o acesso se fará pela Av. Egas Moniz, junto ao Cine Teatro. Para tal, as duas escolas E.B.1 serão demolidas dando lugar a uma nova praça para a cidade. Mas esta não será a única... no final do percurso de acesso ao edifício desenvolve-se uma Praça semi-coberta pela espectacular pala do edifício em S que em muito faz lembrar o Museu de Arte de Bilbao.
O edifício organiza-se em vários pisos, sendo que o mais inferior se destina à instalação de apartamentos para residências artísticas literalmente "debaixo de água". A sala de ensaios/montagens de 200 m2 comunica com o salão principal com cerca de 600 m2. Assim, o espaço amplo atinge os 800 m2, com pé direito que varia entre os 5 metros no extremo da sala de ensaios e os 17 metros no extremo oposto do salão.
Os pisos superiores destinam-se a salas para criação e outras actividades, serviços de apoio e direcção. O declive natural devidamente aproveitado permite outra opção de espectáculos exterior, através da utilização de uma estrutura flutuante no "lago" da pedreira.
O CCTAR, cujo projecto ainda está em fase de desenvolvimento marcará fortemente a evolução arquitectónica da cidade durante décadas. Um edifício desta natureza, num local tão sensível, que será francamente recuperado, deixará novo alento para a requalificação urbana da cidade feirense.
Por fim, o Presidente da Câmara, Alfredo Henriques, tomou da palavra para lembrar dos esforços que estão a ser feitos... e ainda do maior pormenor de todos: tudo isto não passa de um projecto que se não for aprovado em QREN não terá pernas para andar, pelo menos tão cedo.
Mas por outro lado, a cidade feirense é sem dúvida a cidade portuguesa com maior tradição e know-how acumulados neste domínio das indústrias criativas, daí que as possibilidades de aprovação do projecto sejam grandes.
De referir ainda que a correr tudo pelo melhor, sendo a candidatura QREN aprovada, dentro de 1 ano estaremos no Imaginarius 2010 a lançar a primeira pedra do CCTAR.
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