sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Rua Livre Portugal 2012 - Manifesto

Como previsto decorrerão este fim-de-semana cinco ações Rue Libre em Portugal, em que todas terão um denominador comum: a leitura de um texto manifesto que pretende dar voz às nossas ruas.
Para quem não pode estar presente em nenhuma das ações previstas, fica o convite à realização de pequenos apontamentos, em que a simples leitura deste texto no espaço público, devidamente documentada com uma foto para partilha nas redes sociais, será uma marca vincada.

Rua: Esta é a nossa Casa Comum! Uma gaiola de Liberdades 

A rua não é livre, a rua tem impedimentos, tem paragens a mais, e sinais de trânsito, na província tem buracos e no inverno poças de agua. A rua não é quente, ou então até queima, a rua não é um palco, pois a porcaria do sol nunca se cala ou quando se cala obriga nos a acender o fogo. 

Épa a Rua é tramada porque tem putos aos magotes nas praças, e porque mesmo quando decido estar imóvel todos me querem ver quebrar, todos implicam com o meu pestanejar subtil. 

A rua não é de todos tem donos, rua do este e rua daquele, enfim a rua não é rua, pois num instante é avenida ou praça, e quando é praça e se enche de gente a rua é um circo, ou pior um teatro de malucos, uma roda de capoeira, uma gaiola de liberdades. 

Sim a rua é uma gaiola de Liberdades, atentemos á liberdade de poder ser palhaço, de tocar guitarra ou mostrar uma estátua, é uma liberdade engaiolada, é uma liberdade condicional, podemos pagar o lugar à câmara? E depois pagamos recibo ao cliente? , Obrigado diz o homem estátua enquanto da sua boca um pequeno papelinho impresso sai acompanhado pelo barulho de uma impressora de agulhas ruidosa, Volte sempre, e faz uma vénia…a Rua Não é para nós. 

Atentem, Atentem ás liberdades da rua, vejam as capitais da cultura, olhem para Guimarães, vejam a liberdade com que “O capital” da cultura contratou 6,66 ou 666 espectáculos a uma companhia da Catalunha, ( ai o PIB ai o PIB o caraças, ai mas é o púbis gelatinoso que se baba de negociatas) enquanto por toda a parte as nossas companhias correm a merda da cortina. Cortina? qual cortina a cortina? da rua é uma guilhotina afiada, ainda por cima é enorme e impossível de arrumar no camião, junto com a cabeça do monarca ás voltas no tumulo com os incidentes do caso da bandeira de pernas para o Ar, ai a república, Ai as mamas da república secas de dar de mamar a estes donos da bola (sim a rua é feita para jogar á bola). 

Quem foi que disse - o teatro é para ser praticado por todos, imaginem que até os atores podem fazer Teatro…Ai vejam esta rua, vejam esta rua, vendida nas jogadas dos agiotas dos dinheiros públicos, e nos encerramentos das maternidades artísticas, que treta de rua, que rua fechada para obras, que rua tão íngreme de desigualdades e previlégios. 

Esta é uma rua de liberdade Condicionada, é uma refém dos negociantes, das Industrias Criativas, do supermercado da rua, do texto em pacotinhos, dos reis suspensos pelo cú de ténis nike e ainda assim convencidos que são Afonsos e que são também Henriques. 

Que rua livre? que Treta? uma rua de ministérios desaparecidos , enfim, uma rua onde a cultura é um mistério, o MISTÈRIO DA CULTURA. 

Uma rua de tal forma “Desen-ruaizada” não pode dar outros frutos senão Poesia, não pode gerar outros filhos senão “movimento”. A nossa rua, não é nossa, nós somos a rua , aqui não há textos . A rua é o texto e também contexto. A nossa rua é global, é Europa, América, Ásia, África, e não aceita os mercados excepto os de sábado de manhã para as compras ou quem sabe para uma animação, a nossa rua não serve para vender carros topo de gama, mas usa com amor os modelos já estafados, a nossa rua é nua, mas é bela como os seios das estátuas da república, e quente como os seios das morenas do Brasil. A nossa rua está-se nas tintas para a exportação de pasteis de nata, mas acredita que a cultura é a alma deste povo, de todos os povos! 

A nossa rua não é um palhaço, nem dois nem sete, a nossa rua são milhões de Maravilhas a celebrar, não tem malabarismos televisivos nem celebra um actor pelo numero de vezes que aparece na Televisão, a nossa rua não é um episódio com meninos feitos de fruta e chantily, a nossa rua é uma epopeia mística, aqui somos os anónimos do “sambódromo” coração da festa, pedra do castelo, nesta nossa rua somos todos vedetas, somos todos !oscarizáveis!, somos fortes, confiantes, criativos, emotivos, amaveis, brincalhões, somos sensíveis, modernos, previdentes, somos enfim os melhores, sim somos os melhores mas por favor nós sabemos, vós sabeis , todos sabemos, portanto saibamos saber sem atentar a nossa digna confiança! 

 Claro que somos bons, somos maiorais, somos belos, bonitos somos sempre a abrir, somos sem duvida e pelo menos, os melhores das nossas rua, e somos tantos e tão bons que as queremos todas para nós, não vendemos as nossas ruas!!! não cedemos para publicidade, não aceitamos interdições e baias de segurança, não desejamos mais acções de marketing para vender vidrinhos a “papurços” até porque, na nossa rua estamos tesos , sem dinheiro, despedidos, desempregados. Despedimo-nos uns dos outros e das nossas ruas, despedimo-nos porque fomos despedidos, ah como as ruas e o ócio podem aguçar-nos a arte, refinar-nos a astúcia , ai como o abandono nos pode tornar seres sociais, culturais logo perigosos, 

A rua não está em Perigo, a Rua é um Perigo!!! Eu disse Rua UPS…deve Ler-se ARTE!!! corrijam :) 
Enfim por favor… 
Não nos fodam a rua!!! Esta é a nossa Casa Comum! 

Nuno paulino artelier? 
Plataforma das artes de rua 
Rua livre portugal 2012

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