sábado, 21 de março de 2009

"Casa Abrigo" | Circolando

28, 29 e 30 de Maio 2009
Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua
Santa Maria da Feira

Tomando por pontos de partida as obras de Gaston Bachelard e Louise Bourgeois, chegamos a um conjunto de palavras-chave que nos servem de guia: casas abandonadas, suspensas no tempo, reocupadas pela natureza. Casas com árvores e árvores com casas. Abrigos, refúgios, casulos, ventres. Mulheres-casa-mãe. Fiadeiras e tecedeiras. Aranhas, ovelhas, bichos-da-seda. Fios e novelos. Dobadoiras e teares. Ciclos do linho, da lã e da seda. Cantos de trabalho. Canções de embalar. Baloiços em sonhos imensos. Sonhos de mar e sal. Sonhos com voos de pássaros.
Um concerto encenado, uma projecção vídeo e várias esculturas e instalações são os modos que escolhemos para abordar estas temáticas.

Casa-Abrigo, segundo projecto do ciclo Poética da Casa, volta a olhar para este espaço como um refúgio privilegiado do sonho. Colocando no centro do processo de pesquisa a música, as artes plásticas e o vídeo, Casa-Abrigo propõe um espectáculo deambulatório para um elenco feminino.

As casas que o tempo e o sonho fundiram com a natureza são o ponto de partida. Casas com árvores e com pássaros. Casas com terra, chuva e vento. Casas feitas de um tempo suspenso, fora dos dias, próximo da eternidade.

Nelas, fomos encontrar um grupo de mulheres que sonha com um fio misterioso capaz de tecer um abrigo para resguardar um mundo feito de luz e de histórias brancas. Um fio capaz de tecer uma casa feita de seda. Uma casa-mãe, casulo, ventre. Paredes maleáveis que nos envolvem e nos aconchegam.

Começamos por encontrá-las nos seus quartos de sonho. Vestem vestidos feitos com os materiais da casa: pedra, pó e cal. Mulheres eternas, estátuas que respiram. Seguimo-las de quarto em quarto, de sonho em sonho. O percurso leva-nos ao lugar dos seus segredos, dos seus rituais. Um sótão feito de fios, refúgio dos vários instrumentos dos ofícios do tecer.

Ali, despem os seus invólucros de pedra e revelam-nos intacto um sonho de criança. É dia de celebração do novo fio! Fazem soar os seus engenhos tornados instrumentos de música e trazem-nos a memória de um mundo rural antigo. Comunidades de trabalho e afecto onde o homem está ausente. Tecem o grosso fio lãzudo em forma de casulo. A casa-abrigo onde guardamos para sempre “o regaço aquático da nossa mãe”.

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