sábado, 12 de maio de 2012

Imaginarius na P3

Imaginarius para além do “foguetório”

70 Encenações
50 Produções
37 Companhias
8 Países
250 mil Euros

O 12.º Imaginarius, que se realiza de 25 a 27 de Maio, em Santa Maria da Feira, integra cerca de 70 encenações de 50 produções distintas — por 37 companhias de oito países — e “deixa de ser só foguetório para também ter conteúdo”.

Hugo Cruz é um dos elementos da nova direcção desse Festival Internacional de Teatro de Rua e declarou à Lusa que o evento consolidou a sua rede de parcerias com entidades como Serralves, a Gulbenkian, a Casa da Música, a Capital Europeia da Cultura e o Festival Internacional de Marionetas do Porto, pelo que “meses de trabalho intenso” vão agora culminar num “programa mais festivo, que, reforçando a aposta nas grandes produções estrangeiras e no envolvimento das estruturas artísticas locais, recupera o que o festival foi perdendo de melhor ao longo dos anos”.

Seja ao nível das produções de companhias e artistas de reputação internacional, como a PanOptikum, a Cirque Hirsute, Lee Beagley, Carlo Boso e a Grotest Maru, seja no que se refere à programação do Mais Imaginarius, com as suas cerca de 20 propostas de intervenção no espaço público, a edição de 2012 procura ainda “reflectir sobre a situação actual da humanidade e o seu contexto de vida”.

Na prática, isso significa que a programação do Imaginarius 2012 tanto envolve espectáculos sobre o universo da fantasia, como metáforas sobre temas tão contemporâneos quanto a guerra, os "reality shows", a gestão financeira e a exploração laboral. O objectivo, declara Hugo Cruz, é garantir que “o festival não seja só foguetório e uma atracção para as massas, mas sim um evento que, independentemente da sua componente lúdica, ofereça algum conteúdo às pessoas” que assistem.

José Manuel Cardoso é outros dos elementos da nova direcção de conteúdos do Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira e revela que, no essencial, a programação deste ano aposta em três eixos principais: a oferta formativa para companhias e artistas locais, a criação de espectáculos concebidos de raiz para envolverem centenas de pessoas da comunidade e a apresentação de produções próprias por parte de entidades locais.

Mais espectáculos em mais tempo
Se da edição do ano passado para a de 2012 “é evidente um aumento da oferta”, José Manuel Cardoso assegura que, ainda assim, houve o cuidado de evitar a sobreposição de espectáculos e de garantir condições de visibilidade à plateia nos espaços públicos condicionados pela disposição dos edifícios e do mobiliário urbano da envolvente. “Conseguimo-lo, ao alargar a programação para o período da manhã e ao seleccionar melhor o local das encenações”, explica.

Nesse sentido, a zona da Biblioteca Municipal vai ser rentabilizada, o parque de estacionamento da respectiva avenida passa a acolher um palco — decorrem nele, aliás, os dois espectáculos que, por questões de adaptação do espaço, obrigam à aquisição de um bilhete de dois euros — e novos pólos de interesse surgem também na estação de comboios e no antigo matadouro municipal.

O orçamento do evento continua a ser de 250 mil euros, mas Cristina Pedrosa, outra das novas directoras, assegura: “Vamos ter aqui o melhor de dois mundos — a produção local, que ao fim de 12 anos é mais forte e tem mais qualidade, e os espectáculos internacionais, que voltaram em grande”.

Teatro físico, artes circenses, música, dança e instalação são apenas alguns dos registos a explorar na edição deste ano e, por isso mesmo, Hugo Cruz defende que “o Imaginarius já é muito mais do que um mero festival internacional de ‘teatro de rua’”. Para esse responsável, “é tempo de se começar a pensar numa nova designação para o evento, porque o Imaginarius cresceu, transformou-se em algo muito maior e, na realidade, o que ele é agora é um festival de artes de rua — de todas as artes da rua, no seu sentido pleno”.

22 comentários:

Anónimo disse...

peço desculpa mas é cómico incluírem a exploração laboral este ano. Artistas sem receberem cachet no "mais imaginarius" é mesmo exploração laboral

Bruno Costa disse...

Apenas uma nota, o MAIS Imaginarius, este ano tal como nos anteriores (desde 2009 que o conceito existe no Imaginarius), é um projecto de programação off.
No Imaginarius como nos outros grandes festivais da Europa esses projectos são comparticipados apenas com despesas logísticas, algo que os intervenientes sabem de antemão (pelo menos está patente no regulamento que aceitam) aquando da candidatura. Em resumo, os intervenientes "pedem" para actuar sem pagamento, de forma a obterem uma montra do seu trabalho e abertura de portas a projectos futuros. Nota final para o facto de se terem candidatado 57 projectos a este regime.

Anónimo disse...

Pudera... O desespero dos artistas é tão grande em mostrar os seus trabalhos que são sempre as vitimas da "cultura". Quando não há mais nenhuma hipótese... SUJEITAM-SE. E isto sim é pura exploração...
Experimentem fazer um levantamento das necessidades dos artistas e das suas companhias verás que a tua opinião irá mudar, porque a tua realidade não é igual a nossa: A Dos Artistas.

Bruno Costa disse...

Acredito na perspectiva e na realidade dos artistas. No entanto, neste aspecto não consigo nem posso concordar. Se assim for, seria obrigado a dizer que Aurillac, Tárrega, Chalon dans la Rue ou tantos outros não passam de verdadeiras máquinas de exploração de artistas: em alguns deles falamos em quase 200 companhias por edição na mesma situação que o MAIS Imaginarius.

São opções, poderás apresentar projectos para venda aos produtores de eventos e/ou candidatar-te a uma programação off, garantindo a mostra do projecto e com isso uma maior visibilidade, aumento as hipóteses de venda.
NUNCA SERÁ EM DEMASIA RELEMBRAR QUE TODAS AS COMPANHIAS NESTAS CONDIÇÕES SE PROPUSERAM PARA TAL e não o contrário, algumas delas inclusive são de fora do país.

Anónimo disse...

Só gostava de saber quanto recebes para fazer tão boa propaganda!...
... porque, se trabalhas de borla para esta gente, só te posso dizer uma coisa: ou és parvo ou ainda não descobriste que afinal és "artista"!!!!
O tempo o dirá.

Bruno Costa disse...

O tempo fala por si, lá isso é verdade!

Anónimo disse...

Concordo com o terceiro comentário. Tanto no off como no normal, os artistas são mal remunerados. Ficam entre a espada e a parede. Ou suportam os custos ou não participam.
A desculpa a organização dá ao dizer que é uma oportunidade única de participar no festival, não é válida nem digna de nenhuma organização cultural.
Todo o trabalho deve ser remunerado, e o festival deve ser pela cultura e para a cultura, e não para virem a público auto elogiarem-se.
O Festival sempre existiu à custa dos artistas que o tornaram forte, mas agora que não precisam deles, tentam usar e abusar dos mesmos!!!

Bruno Costa disse...

Como eu já disse, ao programa off só concorre quem está disposto às condições. E a condição é tão simples quanto isto: no dia em que não houver candidaturas, o conceito morre e terá de haver alteração... por cá e por toda a Europa. Até lá, o mercado estará a dizer que está disposto a tal e o conceito continuará.
Curioso que só à quarta edição do MAIS surjam críticas a um conceito, que por acaso é aplicado em vários festivais há quase duas décadas. Todas as críticas são válidas, mas neste caso, volto à "mesma tecla", só se candidata quem quer. Falamos de um conceito em que o contacto é da companhia/artista que vai participar e não o inverso. O artista mostra vontade de participar nestas condições (poderá ser discutível se deve ou não, mas isso será uma decisão individual) e apresenta a sua candidatura.

Bruno Costa disse...

Mais, para dissipar algumas dúvidas, posso afirmar/relembrar que EU próprio já concorri com um projecto ao MAIS. No decorrer do percurso não concordei, ou melhor, não estive disposto a assumir certas condições e optei por não avançar. Tudo uma questão de opção pessoal.
Falo com a maior das convicções e publicamente reafirmo a experiência PESSOAL no projecto.
É tudo uma questão de opção...

Anónimo disse...

A alternativa ao foguetório é a mão de obra barata ou de borla e, mais uma vez, o encher dos bolsos de ilustres convidados.
Nada de novo... tirando o foguetório.
Ou talvez seja apenas outro tipo de foguetório conveniente: o político.
É fácil organizar festivais assim!!!

Bruno Costa disse...

Continuamos a usar o mesmo argumento, continuo a refutar da mesma forma: a decisão de candidatura ao projecto MAIS é uma opção individual de cada companhia/artista.
Não podes apelidar de exploração a uma participação voluntária e de pedido expresso para tal por parte do artista.

Quanto ao foguetório não preciso de comentar, o programa está à vista. O Imaginarius ultra visual que tivemos até há 4 anos deu lugar, pelas mãos do CCTAR, a projecto decadente e sem alinhamento. Hoje, com apenas alguns meses de trabalho da direcção de conteúdos temos um programa que retoma a integridade do festival.

Quanto à questão politica, se é tão fácil organizar festivais assim, porque será que o Imaginarius é o ÚNICO festival a assegurar uma continuidade a longo prazo em Portugal?

Anónimo disse...

Faço minhas as tuas palavras:
"O tempo fala por si, lá isso é verdade!"

Bruno Costa disse...

Estás a ver como concordamos...

Anónimo disse...

Deve ser por isso que um dos novos diretores já está "a pensar numa nova designação para o evento"!

Bruno Costa disse...

Sim, há muito que o Imaginarius deixou de ser um mero «festival de teatro de rua»... mais artes para além do teatro estão representadas. A designação deveria ser mais próxima de Imaginarius - Festival Internacional de Artes de Rua. Nisso concordo!

Anónimo disse...

Tens muito jeito para concordar!!!!
Boa sorte.
Como nós os artistas também temos que comer, pagar contas e outras coisas do género que ninguém acha possível, vou deixar-te com as tuas fantásticas convicções.
Tenho que ir dormir para amanhã ir vender os meus projetos "a outra freguesia".
Bons sonhos

Bruno Costa disse...

Bem, basta leres o que escrevi acima para compreenderes que nunca disse o contrário: óbvio que os artistas têm de comer. No entanto há que medir as palavras e afirmações. O MAIS é uma montra, uma programação paralela um festival. Podes compará-lo a uma feira industrial. A diferença é que neste caso quem mostra o teu trabalho para o tentar vender no futuro NÃO PAGA, limita-se a apreaenta-lo em troca das despesas logísticas. E isso já que na prática também tem vantagens para o Festival.
Ainda não percebi o motivo desta questão que afinal não o é nem nunca será dado tudo o que já escrevi.
Felizmente não são sonhos... é realidade... é o mercado e convém "acordar" para tal de forma a sobreviver. Mas como também já disse, tudo são opções. O artistas pode sempre optar por não se apresentar em programação off.

Anónimo disse...

Não o conheço, Bruno Costa. Apenas sei, ao ler os seus posts, que V. Ex.ª faz-me lembrar o ministro Relvas quando quer justificar o que é injustificável. V. Ex.ª apenas pretende branquear o passado, matar a história brilhante de um festival que deu notoriedade nacional e internacional à nossa cidade. E, isto, V. Ex.ª não consegue apagar porque as pessoas têm memória. É óbvio apenas uma coisa: a vontade de alguns medíocres em mostrarem protagonismo. Medíocres e pobres de espírito.

Bruno Costa disse...

Lamentavelmente, medíocres continuam a ser os comentários que nada acrescentam, nem contrariam o que afirmo desde o primeiro texto.

Quanto à mediocridade de espírito, bem eu chamaria outra coisa... mas não vale a pena. Quando há mudanças há sempre quem goste de rebaixar quem fica. Como sou isento e alheio a tudo isso, continuo e continuarei a analisar por fora e tecer comentários que no mínimo sejam coerentes... com o presente e com o passado.

O grande passado do festival foi gravemente manchado nas duas últimas edições. "Lutei" pela continuidade do projecto no final de 2010, depois de uma edição artisticamente desastrosa e com conteúdos despropositados. Em 2011 vi fazer ainda pior. Deixei a minha opinião...
Hoje vejo com bons olhos a nova forma de olhar para o festival, o projecto íntegro e com perspectivas de futuro. Um conceito que não se faz para uma edição, mas para uma construção rumo ao futuro.

Haja Imaginarius e deixemos birras que em nada se relacionam com o próprio do festival, nem mesmo com a programação paralela. Pura e simplesmente são birras...

Anónimo disse...

Não entendo o porquê de tanta discussão acerca do Imaginarius Mais.

A questão é que nos espectáculos principais e tão falados deste festival, também se trabalha de borla.

Isso vos garanto, é o que está a acontecer este ano.

O mais engraçado é que os artistas não são voluntários, segundo a organização, são pagos mas não dá nem para metade das despesas.

Mas isto já vem de outros eventos de Santa Maria da Feira e cada vez mais vai ser pior.

Quem não trabalhar de borla, é praticamente posto de parte nos restantes eventos culturais...

Anónimo disse...

Ahahahahahahahahah, Bruno não faz a mínima ideia do que se está a passar, pois não? Nem de que se tratam os comentários, pois não?

A mediocridade é alguém vir num jornal nacional gabar-se de algo tão falso como o festival deste ano!!!

E, aliás, quem lutou pelo festival foram os artistas feirenses, mesmo antes de ele existir, pois o Imaginarius é apenas a continuação de outro evento de artes de rua de completa responsabilidade dos artistas, apenas pelo prazer de levar a arte ao publico.

Será que o Bruno pensa que o Imaginarius apenas começou em 2001?

Tanta falta de informação, meu deus...

Bruno Costa disse...

Chegamos ao momento da crítica baixa.
Óbvio que o Imaginarius não começou em 2001. Qual o projecto que poderia nascer sem as mínimas raízes e desde logo solidificar e impulsionar a criação local?

Uma vez mais volto a dizer que se o artista não concorda com as condições não as aceita. E se elas forem assim tão más, a generalidade dos artistas não as aceitará e o evento não se fará. Mas não é isso que acontece pois não?

O artista precisa de dinheiro +ara comer e aqui é como em tudo, se eu acho que vou ter prejuízo não faço um determinado projecto... a não ser que saiba que ele vai ser uma rampa de lançamento para algo. E mais não preciso dizer, já que para bom entendedor meia palavra basta!

Exacto, mais do que questões económicas ou alterações de condições que não existem, verifica-se um ataque político muito sintético e restrito, que facilmente se dilui na qualidade global do projecto e na parcialidade completa dos pseudo-problemas colocados.